O 7º mandamento, “não roubar”, é uma das bases morais fundamentais na tradição cristã, especialmente dentro da doutrina católica. Não se trata apenas de uma simples proibição de roubo, mas de um chamado à justiça, à solidariedade e ao respeito pelo próximo.
Este preceito nos ensina a importância da honestidade e do respeito pela propriedade alheia, fundamentais para uma convivência pacífica e justa entre todos. Neste artigo, exploraremos o que significa o mandamento “não roubar”, como ele aparece nas Escrituras e o que a Igreja ensina sobre este princípio moral.
O Significado Profundo do Mandamento “Não Roubar”
O 7º mandamento está entre os Dez Mandamentos dados por Deus ao povo de Israel e, mais tarde, reforçados por Jesus Cristo. Quando Deus ordena “não roubar”, Ele está nos chamando a respeitar a propriedade dos outros, um princípio essencial para o bem-estar coletivo e o ordenamento social.
A proibição do roubo vai além do ato de pegar algo de alguém sem permissão. Ela se estende a todas as formas de injustiça que envolvem a apropriação indevida de bens, como fraudes, exploração e até mesmo a exploração injusta de trabalhadores. Em termos mais amplos, o mandamento nos instrui a ser justos em nossas relações econômicas, garantindo que a riqueza seja adquirida e distribuída de maneira ética.
O Mandamento nas Escrituras Sagradas
O mandamento aparece primeiramente em Êxodo 20:15, dentro das leis que Deus deu ao povo de Israel. Este é um preceito fundamental para garantir que uma sociedade seja justa e respeitosa. A repetição do mandamento em Deuteronômio 5:19 sublinha sua importância ao longo da história sagrada.
No Novo Testamento, Jesus também fala sobre a importância da honestidade, como ilustrado na história do jovem rico e de Zaqueu, o cobrador de impostos. Zaqueu, após se encontrar com Jesus, promete devolver quatro vezes mais a qualquer pessoa que tenha prejudicado, mostrando o poder transformador do mandamento.
O Ensino da Igreja Sobre Propriedade e Justiça
A Igreja Católica, através de sua doutrina social, explica que o mandamento “não roubar” está intimamente ligado ao respeito pela propriedade privada e ao destino universal dos bens. Deus confiou à humanidade a terra e os bens materiais como um bem comum. A propriedade privada é legítima, pois garante a dignidade e as necessidades humanas.
No entanto, a Igreja ensina que a propriedade deve ser usada com responsabilidade, pensando no bem-estar coletivo.
Além disso, a Igreja nos chama a evitar práticas que envolvem a acumulação egoísta de bens, como a usura, a fraude no comércio e a exploração injusta de pessoas. O trabalho deve ser realizado com honestidade e justiça, e a riqueza adquirida de maneira injusta não é bem vista, pois não contribui para o bem espiritual nem para o bem comum.
Aplicando o “Não roubar” no Dia a Dia
Esse mandamento, portanto, vai além de evitar o roubo físico. Ele nos desafia a viver de maneira justa, respeitando a dignidade humana e os direitos dos outros. A Igreja destaca várias formas de aplicar esse princípio em nossas vidas, tais como:
- Honestidade no trabalho: Cumprir com as obrigações de maneira justa e sem enganar.
- Justiça econômica: Ajudar os mais necessitados e não tirar proveito das desigualdades.
- Respeito pelos bens do próximo: Não se apropriar de recursos que não nos pertencem, seja de forma material ou emocional.
- Uso responsável dos bens: Compartilhar o que temos com aqueles que precisam, respeitando a dignidade dos outros.
O que Santo Tomás fala sobre “Não Roubar”
Santo Tomás de Aquino, em seus escritos, enfatiza que o mandamento de não roubar não se limita apenas ao furto, mas inclui outras formas de injustiça, como a fraude, a corrupção e o abuso de poder.
Para ele, o roubo é um pecado grave, pois destrói a confiança na sociedade e prejudica o bem comum.
Ele também enfatiza que a reparação do dano é essencial para o arrependimento, destacando a importância da restituição dos bens roubados.
Doutrina Social da Igreja e o Compromisso com o Bem Comum
A doutrina social da Igreja defende que a atividade econômica deve ser orientada pela moral, com o objetivo de servir ao bem comum.
Isso significa que os recursos econômicos devem ser usados para ajudar a melhorar as condições de vida de todos, especialmente os mais pobres. O não roubar está diretamente ligado à luta contra a pobreza e à promoção da justiça social.
A Igreja também ensina que os governos devem garantir o bem-estar dos cidadãos, regulando as atividades econômicas para proteger os direitos de todos e, assim, evitar práticas que resultem em injustiça, como a exploração do trabalho e a discriminação econômica.
Vivendo o Mandamento na Sociedade Atual
O mandamento de “não roubar” é um princípio vital para uma convivência social justa e harmônica. Assim como os outros 10 mandamentos, ele nos desafia a viver de maneira ética e responsável, não apenas no âmbito das leis, mas também em nossas interações diárias. Ao praticarmos a honestidade e o respeito pelas propriedades e direitos dos outros, estamos promovendo uma sociedade mais justa e solidária, conforme os ensinamentos de Cristo e da Igreja.
Em tempos de grandes desigualdades e injustiças, o 7º mandamento se torna mais relevante do que nunca, nos convidando a refletir sobre como usamos nossos recursos e como podemos contribuir para um mundo mais justo e fraterno.
Sou católico, batizado em 2022, e escrevo sobre tudo o que aprendo nas pesquisas que faço em torno da Igreja Católica Apostólica Romana.